terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Para ASSISTIR e CURTIR: # Soul Surfer - coragem de viver





Fora da água eu não tinha nenhum aviso, nem mesmo a menor sinal de perigo no horizonte. A água estava clara e calma. Parecia como uma grande piscina, maior que as profundas águas do oceano em Kauai, Havaí. As ondas eram pequenas e inconsistentes, e eu estava passando por elas, relaxando na minha prancha de surfe com meu braço esquerdo estendido sob a água. Lembro-me de pensar que eu esperava surfar logo, quando repentinamente havia um flash cinza.
Tudo aconteceu numa fração de segundo: Eu senti uma forte pressão e um puxão rápido. Então eu vi a mandíbula de um tubarão tigre cobrir o topo de minha prancha e meu braço esquerdo. Eu vi em choque que a água em minha volta se transformara em vermelho. Eu havia perdido o meu braço quase até a parte da axila, juntamente com um enorme pedaço da minha prancha de surfe.” 
(Bethany Hamilton)


Bethany e sua prancha de surf usada no dia do acidente


Olá pessoas queridas!

Sabemos que em questão de segundos nossa vida pode mudar para sempre. Faz parte da vida esses “desafios”, e grande parte deles nos ajudam a amadurecer. Hoje como sugestão de filme, trago a história de Bethany Hamilton, uma surfista que enquanto se divertia entre as ondas do mar com seus amigos, foi atacada por um tubarão tigre e teve sua vida completamente transformada a partir daquele momento.
Confira!





Família de Bethany 


Exceto pelo fato ser halloween, Bethany estava em uma manhã comum. Ela e sua mãe, Cheri, partiram antes do amanhecer procurando por um bom lugar para surfar. Quando chegaram no destino, um lugar chamado Cannons, o sol ainda não havia nascido. Ela saiu do carro, mas ainda estava muito escuro para ver a água. Ela não conseguia ouvir o barulho das ondas direito. “Se a onda está realmente boa para surfar, você pode ouvi-la arrebentando no recife a longa distância.” – conta.

Igualmente desapontadas, a sra. Cheri sugeriu que elas voltassem no dia seguinte para surfar. Bethany sabia que se ela não surfasse ela voltaria para casa para fazer as tarefas escolares (inglês ou matemática). E por desejar ser uma sufista profissional ela estudava em casa, para ter tempo para praticar, mas os seus pais a empilhavam de tarefas.

“Eu comecei a participar de competições quando ainda estava na escola. Viajar pelo estado do Havaí não era fácil ou barato, e meus pais não eram ricos: papai era garçom e mamãe era diarista. Nós precisávamos de dinheiro para inscrições, passagens aéreas, aluguel de carros, alimentação e estadia em hotéis. E ao contrário de outros esportes como golfe, se você vencer, o prêmio é pouco (ou não há) dinheiro, especialmente para a categoria infantil. Mas os meus pais estavam conseguindo com sacrifício por mim. Com o apoio deles, eu participei da minha primeira grande competição com oito anos de idade. As ondas eram enormes e eu pude sentir a adrenalina. Muitas crianças pequenas se sentiram intimidadas quando as ondas começavam a ficar imensas. Quanto a mim? Eu nasci pra isso - para ser a maior e melhor surfista! Terminei vencendo todos os jogos e campeonatos da divisão.” – Lembra.


Bethany e sua melhor amiga Alana



Depois disso, Bethany participou com maior frequência dos campeonatos e se saiu bem na maioria deles. Parecia possível que ela se tornaria uma sufista profissional assim como algumas garotas da ilha que ela morava. Pelo menos seus pais e dois irmãos mais velhos acreditavam nisso. Esse era o grande sonho de sua vida.

“Quando nos afastamos de Cannons, eu dei minha ultima tentativa. Sugeri que fossemos para a praia de Tunnels. Tunnels fica próximo de Cannons, mas os sufistas gostam de lá por que as ondas são ótimas para surfar quase durante todo o ano. Mamãe concordou e enquanto dávamos partida no carro, chegaram Alana Blanchard, minha melhor amiga, seu irmão de 15 anos e seu pai, Holt numa caminhonete preta. Imaginei que apesar das ondas estarem ruins, o dia estava ensolarado, a água estava morna e meus amigos estariam comigo. 

Pedi para mamãe me deixar ficar. Ela concordou desde que o sr. Holt me levasse para casa. Então, me juntei aos meus amigos e descemos para a praia de Tunnels. Eu estava feliz por ir surfar. Eu estava feliz por estar com meus amigos. Eu senti a temperatura morna da água borrifar contra meus tornozelos e antes de entrar na água, eu olhei o meu relógio. 

Era 6:40 de uma bela manhã de Halloween em 2003”.



O tubarão que a atacou capturado



Deitada na prancha, vendo seu sangue se espalhando na água a sua volta, Bethany disse para seus amigos que estavam mais próximos, com a voz alta e ainda sem pânico “eu fui atacada por um tubarão”.

Byron e Holt a pegaram em um flash. O rosto de Holt estava pálido e seus olhos arregalados. “oh, meu Deus!” disse ele, mas sem perder o controle. Ele a empurrou pela parte traseira de sua prancha em direção à praia. Foi um milagre que naquele dia a maré estava alta. Se ela estivesse em um nível mais baixo, eles precisariam dar à volta para alcançar à costa e se isso acontecesse, a praia ficaria muito mais distante para chegar até lá.

“Meu braço estava sangrando muito, mas não tanto quanto se a artéria principal estivesse aberta. Eu sabia agora que feridas como a minha poderiam fazer com que artérias voltassem a ‘apertar’. Eu rezava como louca repetidas vezes: ‘Deus, por favor, ajude-me, me deixe chegar à praia.’ 

Quando nos aproximamos da praia, o sr. Holt tirou sua camisa cinza de mangas longas e a envolveu envolta da ponta do meu braço ferido como um torniquete. Byron que estava à nossa frente, telefonou para 911. 

O sr. Holt continuava me fazendo perguntas como ‘Bethany, você ainda está acordada? Como você está?’ eu acredito que ele queria se certificar de que eu não tinha desmaiado no meio do oceano. Então eu ficava falando, respondendo suas perguntas e rezando em voz alta e vendo a praia se aproximar cada vez mais e nós”.



Bethany no hospital


“Assim que alcançamos a costa, o sr. Holt me retirou da prancha e me colocou na areia. Então ele amarrou o meu braço com a correia da prancha de surfe para parar o sangramento. Naquele momento, tudo estava escuro, e eu não tenho certeza de quanto tempo eu fiquei assim.  Minha consciência ia e vinha. O que aconteceu à seguir foi uma sensação confusa, mistura de visões, sons e sensações. Eu me lembro de sentir frio. Eu ouvi dizer que isso acontece quando você perde muito sangue.

Pessoas trouxeram toalhas e me envolveram com elas. Eu me lembro que comecei a sentir dor na ponta do meu braço ferido e a pensar no quanto isso doía. Eu sei que eu disse ‘eu quero minha mãe’. Eu também me lembro de sentir sede e pedir água à Alana. Então ela correu ao sr. Fred Murray, uma das pessoas que apareceram naquele momento por ouvir os gritos de pedido de socorro na praia enquanto o resto de sua família estava em Kauai para uma reunião familiar, relaxando numa casa de praia alugada.

‘Venha comigo!’ disse ele, e eles voltaram para a casa que a família do sr. Fred estava. Lá encontraram um homem chamado Paul Wheeler que era chefe de bombeiros e paramédico em Hayward, na Califórnia. Alana explicou a ele, da melhor maneira que ela conseguiu em seu estado de choque, o que aconteceu e que eu precisava de água.

Paul não hesitou em ajudar. Ele saiu de casa para estar ao me lado. Eu me lembro de seu rosto e sua voz piedosa. Eu acredito que todos estavam aliviados por haver um profissional em cena. Eu me senti confortada. Paul examinou a ferida. Alana veio com a água, mas Paul a aconselhou a não me da-la. ‘eu sei que você está com sede’ - ele me disse - ‘mas você vai precisar de uma cirurgia e você precisa manter o estômago vazio’.

Um vizinho trouxe um kit de primeiros socorros e Paul pegou luvas para que pudesse limpar o ferimento com gaze para mante-lo limpo. Eu me lembro de estremecer quando ele cobriu o ferimento, mas eu sabia que ele precisava faze-lo. Paul sentiu o meu pulso. Ele sacudiu a cabeça enquanto sussurrava: ‘ela perdeu muito sangue’.

Em algum momento a ambulância chegou. Eu me lembro das sirenes com seu som agudo. Eu me recordo de ser presa com agulhas, de ser deslizada para dentro da ambulância. Eu me lembro muito claramente o que o paramédico Kauai disse a mim. Ele falou de maneira gentil enquanto segurou minha mão quando chegamos ao estacionamento de Tunnels.
Ele sussurrou em meu ouvido: ‘Deus nunca vai deixar você ou abandona-la’. ”


Bethany e sua amiga Alana caminhando na praia após o acidente


O pai de Bethany havia marcado uma cirurgia naquela manhã e estava na mesa de cirurgia, anestesiado na parte inferior do corpo. O cirurgião ortopédico, o dr. David Rovinsky estava se preparando para iniciar a operação quando uma enfermeira invadiu a sala anunciando que havia uma emergência: uma garota de 13 anos havia sofrido um ataque de tubarão e precisavam daquela sala urgentemente.

O pai de Bethany ao receber a notícia sentiu que aquela garota de 13 anos poderia ser a sua filha ou Alana. O médico tentou acalma-lo dizendo que verificaria o que estava acontecendo. Cinco minutos depois ele voltou à sala. Seu rosto estava pálido e havia lágrimas em seus olhos. “Tom, é a Bethany”, disse ele, “ela está em condição estável. É tudo o que eu sei. Eu preciso remove-lo daqui. Bethany está vindo para cá”.

Nesse tempo, a mãe de Bethany foi informada sobre o ataque, mas sem detalhes do acontecimento. Ela correu até o hospital em busca de notícias da filha.

Dr. Rovinsky tranquilizou os pais de Bethany, que apesar das circunstâncias as probabilidades de recuperação estavam a seu favor: ela era jovem, em boa forma física, o corte havia sido mais direto do que despedaçado, e a tranquilidade que ela teve durante o acidente deixou as batidas do se coração devagar o suficiente para manter a artéria cortada drenando o fornecimento de seu sangue. Ele também estava otimista quanto à possibilidade futura de uma compensação de um braço através do uso de uma prótese.

Bethany passou por duas cirurgias para tratar a ferida.
“Nos dias seguintes no hospital, eu dizia a papai ‘eu quero ser a melhor fotógrafa de surfe no mundo’. Essa era a minha maneira de dizer que ‘eu sei que os meus dias como surfista acabaram’. Ele apenas assentia meio a um sorriso ‘eu tenho certeza que será’. Por que ele sabia o que eu queria dizer.

Mas alguns dias depois eu comecei a pensar em voltar a surfar. Contudo, o médico disse que eu deveria ficar fora da água por três a quatro meses após a segunda cirurgia. Nesse período eu precisava ocupar minha mente com outras coisas.

Nas minhas primeiras semanas em casa, minha família e eu experimentamos novos significados para Aloha. Para aqueles que  tem Havaí como seu lar, aloha significa muito mais que olá e tchau. Essa palavra vai além das tradições antigas do Havaí, e significa uma consideração e afeição mutua de uma pessoa por outra sem expectativas de receber algo em troca. Significa que você faz algo de coração.

Quando voltamos do hospital para casa, nós descobrimos que as pessoas da nossa igreja haviam limpado radicalmente nossa casa, colocando flores em todos os lugares. Por duas semanas, todas as noites, aparecia alguém com o jantar. Pessoas paravam para oferecer ajuda de todas as formas. As pessoas não nos perguntavam, elas apenas olhavam nossa situação e diziam: ‘Eu quero ajudar essa família. Eles precisam de ajuda’.


Bethany surfando após o acidente


“Um dia antes da Ação de Graças um pequeno grupo de familiares e amigos foram comigo até a praia. Chegamos no final da tarde, e quando descemos a trilha, nós percebemos o quanto aquele lugar era maravilhoso. A área de surfe era repleto de talentos locais. Esse foi o dia que eu percebi que eu poderia surfar novamente.

O meu irmão Noah queria filmar minha primeira tentativa em sua câmera, então ele a colocou dentro de uma armazenagem subaquática e nadou junto comigo. Meu pai saiu do trabalho e veio até a praia e simplesmente nadando paralelo a mim enquanto ele incentivava ao máximo, ‘vai, garota!’.

Matt George, um amigo da família e escritor da revista Surfer também estava conosco. Alana e eu andamos sob a prancha de surfe juntas, assim como fizemos na manhã de Halloween. Eu me sentia bem ao passo que sentia o calor e o sabor salgado da água. Era como voltar para casa após uma longa viagem. Pensei que cheguei muito perto de perder tudo aquilo que eu realmente amava: o mar, minha família e meus amigos.

De certa forma era como se eu estivesse aprendendo a surfar novamente. Eu tinha que aprender a remar com apenas um braço e quando eu sentia a onda me pegando, eu precisava colocar minha mão plana no centro da prancha para que meus pés pudessem suprir, como se eu tivesse as duas mãos.

Minhas primeiras tentativas não funcionaram: eu não conseguia ficar de pé na prancha. Eu imaginei que seria mais fácil do que foi. Meu pai continuava incentivando ‘Bethany, tente mais uma vez. Dessa vez você vai conseguir!’

Então aconteceu. A onda veio e eu a peguei, coloquei minha mão sob a prancha e a empurrei, de modo que fiquei de pé. Foi difícil descrever a alegria que eu senti após conseguir ficar de pé na prancha e surfar pela primeira vez depois do ataque. Mesmo molhada, eu senti as lágrimas descerem pelo meu rosto. Todos estavam comemorando”.


Bethany e sua nova família


“As vezes as pessoas me perguntam se eu tenho medo de tubarão agora que eu surfo constantemente. A resposta é sim, as vezes meu coração aperta quando eu vejo uma sombra na água. As vezes eu tenho pesadelos. Eu não me sinto preparada para ir a Tunnels e surfar lá novamente. Eu não tenho certeza se voltarei a ir lá novamente.

Eu acredito que Deus tem planos para mim. Eu não estou dizendo que Deus fez com que o tubarão me mordesse. Eu penso que ele sabia o que iria acontecer, e fez com que a minha vida se transformasse mais significativa e feliz apesar disso ter acontecido. Se eu puder ajudar outras pessoas a terem confiança em Deus, então valeu a pena qualquer perda”.

Bethany conseguiu realizar seu sonho de tornar-se uma surfista profissional. Escreveu um livro “Soul surfer: a true story of Faith, Family and fighting to get back on the board” no ano de 2004. Deu várias entrevistas e palestras sobre como superou essa fase difícil de sua vida. Hoje ela é casada e tem um filho.

Desejo que essa história seja um grande exemplo para todos nós. À seguir, fica o trailer do filme que foi interpretado por Anna Sophia Robb no papel de Bethany.  Valhe super a pena conferir: ⇩⇩




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                                                                                                                           Jeiane Costa.
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