domingo, 10 de dezembro de 2017

Para OUVIR e SENTIR: # Matais de incêndios - Antônio Marques Lésbio



Olá pessoas queridas!

Vocês conhecem a história da música brasileira?

Hoje, apresentamos com muito carinho algumas informações sobre essa temática. Ressaltamos que esses dados são do programa História da Música Brasileira”, produzido por Ricardo Kanji (criador, diretor artístico e apresentador); Ricardo Maranhão (historiador). Paulo Castagna (musicólogo); Reinaldo Volpato (diretor de TV) e Vox Brasilienses Coro e Orquestra, dirigida por Ricardo Kanji, em 1999.

De acordo com o flautista e maestro Ricardo Kanji (1999), a música é um dos elementos mais vivos na cultura do Brasil. E não apenas a música popular, mas a produção musical em todas as esferas, inclusive com o reconhecimento de muitos dos nossos músicos que hoje integram grandes orquestras pelo mundo afora. Não chegamos isso ao acaso, pois a história se movimenta. Conhecimentos e técnicas são difundidos, digeridos e devolvido na forma de novas produções.

Dessa forma, só é possível ouvir peças do passado graças aos grandes esforços de musicólogos que se dedicam a resgata-las nos baús da história. Isso é fundamental por que damos uma grande importância aos acordes fieis tocados naquela época.

O musicólogo Paulo Castagna, em entrevista para a série “História da música brasileira” (1999) explica sobre a relevância desses manuscritos para a história da música brasileira. 

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Segundo Castagna, "os manuscritos são preservados em arquivos. E esses arquivos podem ser particulares, públicos ou eclesiásticos. Ressalta-se que infelizmente nem todos os arquivos estão abertos aos pesquisadores e muitos deles a documentação musical correm sérios riscos de perda ou destruição. Sem uma política ampla de acesso e preservação os consulentes mais numerosos dos arquivos musicais poderão ser os insetos".

Sobre o processo de recuperação das músicas dos manuscritos, Castagna informa que "a maioria das composições anteriores ao século XX foi preservada em partes individuais para cada cantor e instrumentista. Recuperar uma obra musical antiga requer uma transcrição dos manuscritos e a superposição dessas partes em uma partitura. Além disso, é necessário decodificar alguns sinais e corrigir os erros de copia tanto na musica quanto no texto cantado. Somente em casos extremos quando partes foram perdidas ou certos trechos foram deteriorados eles precisam ser restaurados. Os trechos perdidos são reconstituídos com base na logica do sistema musical, porem respeitando o estilo da musica que está sendo recuperada".

Reconstituir um manuscrito tendo consciência de como a música era cantada e como os instrumentos eram tocados, é fascinante. Podemos então ouvir uma música da forma muito próxima de como ela era ouvida a 500 anos atrás. 

Kanji (1999) conta como era a música praticada aqui antes da chegada daqueles que batizaram o Brasil: Os europeus encontraram a música indígena.


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Os índios haviam criado sua música, isto é, a partir da arte de arranjar sons, fruição de um ritmo nos seus rituais religiosos, guerras, em busca de alimento, em eventos e festas que o ajudam a organizar a vida.

Por outro lado, que experiências musicais traziam os navegadores da Europa?

Segundo Kanji (1999), a Europa respirava religiosidade, mas além da música sacra entre os homens que chegavam, era comuns as canções e danças.


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Em 26 de abril de 1500, Pero Vaz de Caminha escreveu sobre um dos primeiros contatos com os índios:

 “Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando uns antes os outros sem se tomarem pelas mãos, e faziam-no bem. Passou-se então além do rio, Diogo Dias, almoxarife que foi de Saca-vem que é homem gracioso e de prazer e levou consigo um gaiteiro nosso com a sua gaita e meteu-se com eles a dançar tomando-os pelas mãos e eles folgavam e riam e andavam com ele mui bem ao som da gaita”.

Apesar das imensas diferenças culturais, alguns europeus quiseram e conseguiram se aproximar dos índios. Os jesuítas chegaram ao Brasil dispostos a tudo para catequisar os índios que a seus olhos eram cristãos sem o saber e, portanto, deveriam ser responsabilidade exclusiva da igreja.

Os missionários aprenderam a língua Tupi, praticada em grande parte do litoral da nova terra. Criaram uma gramática que unia elementos nativos com outros importados do português.


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Era a língua geral nheengatu que se prestava para disseminar a palavra de Deus. Dessa maneira, sem usar a força, os jesuítas reuniram sob seu comando milhares de índios. Jose Anchieta, por exemplo, não usava apenas a palavra, mas também a música.

Os jesuítas, preocupados com as almas dos índios, reuniram-se em empreendimentos agrícolas, chamados de missões. Nelas, sob sua guarda, eles estariam sob a proteção divina, embora perdendo sua identidade cultural.

Os religiosos tiveram certo êxito em algumas na transmissão de alguns elementos culturais, principalmente entre as crianças. Os curumins aprendiam a usar instrumentos como flautas, trombetas e violas. E mais tarde, nas grandes missões no sul do Brasil e no Paraguai, eles chegaram até a fabricar regularmente instrumentos musicais.


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As crianças índias cantavam em latim e no nheengatu as principais orações católicas. Os versos das cantigas de Anchieta também serviam a catequese. Em algumas delas eram utilizadas melodias europeias já existentes.

Entre os portugueses, a música no começo de Brasil era quase sempre sacra cantada em latim e com características da música vocal renascentista da Europa. A harmonia era simples, com pouca variedade rítmica e ainda sem efeitos dramáticos ou teatrais. Essas músicas de autoria anônima foram sendo copiadas no Brasil desde o século XVI.

Composições dessa natureza foram encontradas em Mogi das Cruzes, uma cidade próxima a São Paulo. O pesquisador Jaelson Trindade ao consultar um livro floral do século XVIII se deparou com manuscritos: Eram onze obras diferentes, a maioria composta para comemorações da semana santa.

Entre os manuscritos, um se diferencia: “Matais de incêndios” um vilancico de Natal para quatro vozes e instrumentos. O motivo central dos versos é o amor místico pelo menino Jesus.

Deixo abaixo a obra "Matais de incêndios", composta por Antônio Marques Lésbio (1639-1709) e em seguida o vídeo "História da Música Brasileira - capitulo 1" - Ambos são recomendadíssimos!



"Matais de incêndios"



"História da música brasileira - capitulo 1"


Créditos especiais:
Informações do texto extraído do video "História da Música Brasileira - capitulo 1 Introdução & pimeiros tempos da música brasiliera"
ilustração - Jeiane Costa
Imagem 1 - manuscritos. disponivel em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lobo_de_Mesquita_-_Manuscrito_da_Antífona_Salve_Regina_-_1787.jpg>. Acesso em 10 dez 2017
Imagem 2 - índios. disponivel em: <http://blogs.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/04/17/semana-do-indio-os-baianos-indios-no-tempo-do-descobrimento/>. acesso 10 dez 2017
imagem 3 - carta de pero vaz de caminha. disponivel em<https://en.wikipedia.org/wiki/Pêro_Vaz_de_Caminha> acesso 10 dez 2017
imagem 4 - gramatica. disponivel em <http://tupi.fflch.usp.br/node/36> acesso 10 dez 2017
Imagem 5 - Jesuitas no Brasil . disponivel em: <http://brasil-alemanha.com/capitulo/16sec/A-contribuicao-dos-jesuitas-alemaes.php>. acesso 10 dez 2017




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